ONCE

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"TÁ COM A MACACA"

Um dos trabalhos que realizei no ateliê de pintura da Escola de Belas Artes e que incluí no meu Trabalho de Conclusão de Curso foi o Bananzepan (“O trabalho que mais adquire um sentido crítico visual, dentro da sua proposta e o mais resolvido é o Banazepan...”), dedicado a todas as pessoas que, infelizmente, fazem uso dos remédios de tarja preta, seja pela necessidade, pela comodidade ou pela dependência química. É de certa forma, um alerta ao procedimento que a medicina ocidental lança mão: de remediar uma situação ao invés de buscar uma cura na origem do problema. Isso está muito bem colocado no livro Anticancer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais, do médico canadense David Servan-Schreiber (Editora Objetiva).

Também dedico esse trabalho aos dependentes da teoria, das regras, das imposições criadas pelo sistema acadêmico que enaltece o título e subjuga o saber fazer e a vivência no campo onde se propõe abranger um máximo de conhecimento sobre um mínimo de assunto, estreitando cada vez mais as possibilidades de entendimento por parte de uma comunidade que, na maioria dos casos, custeia os estudos desses “mestres”, “doutores”, ou “pós-doutores” que vão cada vez mais encher o seu saco de conhecimentos específicos, interessante somente ao seu currículo, num nível que poucos conseguem ter acesso. É muito comum hoje em dia esses “titulados” não terem a mínima experiência prática na sua área, tendo saído do colégio para a universidade e debruçado durante 12 anos nas teorias que irão passar aos seus discípulos.

É um trabalho de características gráficas acentuadas. A imagem de uma banana pode ser traduzida dentro da perspectiva do deboche, ou, da forma como interessar a cada um dos observadores. Toda a parte inferior, que retrata a caixa de um medicamento controlado, foi feita em cores chapadas e formas gráficas simplificadas, com aplicação dos textos em serigrafia. O “Genérico”, abrangente, foi substituído pelo “Teórico”, específico e limitado.

O interessante é o fato de toda essa “teoria” criada em torno de Bananzepan resultar exatamente na proposta da crítica. Cada um que olha a pintura tem uma interpretação. Ela própria vai se mostrando em canais diferentes de percepção e os resultados, principalmente para mim que a pintou, são surpreendentes e mostram o quanto se pode aprender com a prática.

Bananzepan foi pintada em acrílica com serigrafia vinílica, no formato 120 x 35 cm.

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