ONCE

domingo, 26 de outubro de 2008

A ARMADILHA DO TEMPO




O tema da armadilha recai agora sobre o tempo. Como aprisionar o tempo que não para? E é exatamente isso que faz a câmera fotográfica. Ela congela uma fração do tempo. Prende uma pequena parte, na maioria das vezes muito menor que um segundo, do nosso precioso tempo.
Pensei que, para aprisionar 1 segundo do tempo seria preciso sincronizar 60 "armadilhas" que funcionassem na velocidade de 1/60 s. Juntando todas as imagens teríamos então prendido um segundo do tempo. Depois veio a idéia de reproduzir 60 vezes a mesma imagem pintada. Eu teria então, dentro do meu espaço de 80 x 120 cm, 60 fotos formato 10 x 15 cm. Mais uma "descoberta" que a pesquisa me trouxe, sem planejar formatos ou premeditar os fatos. As 60 fotos têm um formato padrão dos mais utilizados comercialmente no meio fotográfico: 10 x 15.
Talvez eu venha a trabalhar com serigrafia para reproduzir uma imagem retirada da pintura de um artefato que produz imagens. São armadilhas que criamos, que consumimos.

A FORÇA DA MARCA

Sem dúvida alguma meu interesse pelos carros de competição faz com que sempre recorra a eles para um descanso de toda a "ideologia" que depositei no meu trabalho com os bens de consumo. Pensei em pintar a Ferrari 312 PB em preto e branco, utilizando uma foto que capturei na internet. A foto era preto e branco e então fui pintar tal qual ela estava. Não sei por que deixei a logomaraca "Ferrari", que aparece na lateral do carro, para pintar por último. Aí veio a interrogação: e se eu colocasse cor nessa logomarca? Depois de algumas experiências e conversas decidi realmente pintá-la a cores. Com isso o olhar ficou totalmente "roubado" pela marca, pela grife, pelo que vende, que promove o consumo. Resultado: a tela passou a integrar a série de armadilhas também. Outra relação que foi apontada pelo meu professor, Mário Zavagli, é que junto da lata de refrigerante, esse trabalho também tinha como base o preto e branco com mais uma cor (isso em uma linha mais generalizada). Começa então mais uma associação entre os trabalhos que vão fazer parte da série.
A Ferrari 312 PB foi fotografada durante os 1000 km de SPA-Francorchamps com o piloto Jack Ickx. A pintura é óleo sobre tela com 80 x 120 cm.

ARMADILLIS INATURALIS


Dentro daquela proposta de trabalhar com as armadilhas do consumo moderno, o "HIPERCONSUMO" como coloca Lipovetsky, acidentalmente consumi uma lata de refrigerante e resolvi fotografá-la. Surgiu então uma imagem que tinha uma relação direta com o consumo, com a armadilha, com o tema que eu estava iniciando. Já havia trabalhado com as notas de cruzeiro e real, com a ratoeira (ambos estão publicados ainda neste blog) e a imagem propaga a idéia da marca mais simbólica do capitalismo.
O trabalho foi feito em dois meses e utilizei óleo sobre tecido de algodão. Tem 80 x 120 cm e busca uma luminosidade forte na frente da lata, contrastando com o fundo escuro. A imagem de cima é a foto utilizada como referência.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

LIBÉLULA FINALIZADA

O modelo finalizado foi afixado em um fragmento de cedro que eu tinha guardado em casa durante anos, daqueles que a enchente trouxe e que engarranchou numa pedra na beira do rio. Cortei, lixei e adaptei o suporte à base que posteriormente foi instalada na Casa da Serra.
Todo o trabalho foi feito com um material chamado Ren Shape, muito bom para esculpir, resistente e sem fibras. A pintura foi aerografada com tinta laca nitrocelulose e verniz acrílico.
Quero agradecer ao Professor Ângelo Machado, ao amigo Lúcio Bedê e à Maquete Aristides & Equipe por toda a contribuição no desenvolvimento desse trabalho. As etapas iniciais da confecção do modelo estão em publicações passadas aqui neste mesmo blog. Ao clicar nas fotos elas serão abertas em formato maior para melhor visualização dos detalhes






HETERAGRION III

Um dos maiores desafios na confecção do modelo foi descobrir um material adequado para a reprodução da asa. No tamanho natural é nítida a delicadeza e transparência do conjunto. Fiz uma opção por moldá-la em plástico transparente de 0,1 mm. As nervuras de contorno e sustentação, mesmo sendo um pouco mais grossas, não foram suficientes para sustentar o peso das asas. Foram utilizados, então, arames de alpaca para sustentação, colados no interior das nervuras e "cimentados" ao torax do modelo. A pintura foi experimentada primeiramente em preto mas acabei por definir por um castanho escuro e um verniz levemente amarelado como cobertura geral.


Na foto acima ja estava definida a posição do modelo em relação ao plano de sua base, da mesma maneira que a Heteragrion pousa. Comecei a colar os pelos nas pernas e adaptá-las à base.

As fotos a seguir mostram alguns detalhes e ângulos do modelo ainda em fase de montagem, resaltando as manchas no torax e na base do abdomen.