ONCE

terça-feira, 31 de maio de 2011

PIEDADE "ATRAVÉS DO ESPELHO"

É mesmo preciso romper com os conceitos, aqueles adquiridos com o tempo, com a experiência. Eles te dominam e te dão uma confiança que deve ser questionada, sempre. O tempo e a evolução buscada te mostram o quanto a flexibilidade deve ser utilizada para que o espelho não se desfaça em pedaços. Só assim a imagem imaginada vira realidade. Só com um profundo uso do espelho se pode chegar ao seu interior, ao outro lado da realidade.


domingo, 29 de maio de 2011

RATO-EYRAS

Esse trabalho foi um dos primeiros a ser feito dentro da série de "armadilhas" que desenvolvi durante a minha graduação em Pintura. A idéia da ratoeira vinha já na cabeça quando um comentário de um professor trouxe à tona a palavra "armadilha". De uma certa forma ela sintetizaria todo o conjunto de idéias que eu estava por desenvolver nos ateliês de pintura. Surgiria um pouco mais tarde então, o Armadillis inaturalis que durante mais dois anos e meios ganharia forma e conteúdo até se transformar na minha monografia.



As imagens não conseguem apresentar de uma forma verdadeira o que é a realidade das cores que estão aplicadas aos dois painéis. No primeiro o fundo amarelo limão faz um forte contra-ponto com o violeta aplicado à ratoeira (aconselha-se ao observador não colocar a mão pois ela está armada), tendo como isca uma moeda de 1 Real. O consumo proposto como uma armadilha criada pela sociedade.



Um outro grande chamariz (isca) para o consumo atual é sem dúvida o automóvel. Todo o tipo de vantagens e facilidades são oferecidas para se comprar um carro novo. Fico cada vez mais alarmado com o grande número de carros nas ruas. Reparem numa coisa: quantas obras estão sendo feitas na cidade e quantas dessas obras têm como objetivo principal melhorar o trânsito nos horários de pico, quantos carros são emplacados por dia e quantos dias leva para cada obra dessas ficarem prontas. Esse "caos" parece não ter fim.
No caso desse trabalho, a isca colocada na ratoeira não poderia deixar de ser um automóvel símbolo da sofisticação, luxo, esportividade e status. É claro que mesmo a miniatura foi bem escolhida e de qualidade incontestável entre os que conhecem de miniaturas.





Esses dois trabalhos fazem parte do díptico Rato-Eyras e foram feitos em 2008, utilizando painel de MDF revestido e preparado com latex, tinta a óleo e acrílica, colagem de objetos e modelagem, com formato final de 80 x 31 cm.


sábado, 28 de maio de 2011

LULLABY

Um poema de William Blake:



O for a voice like thunder, and a tongue
To drown the throat of war! - When the senses
Are shaken, and the soul is driven to madness
Who can stand. When the souls of the oppressed
Fight in the troulbled air that rages, who can stand.


When the whirlwind of fury comes from the
Throne of God, when the frowns of his countenance
Drive the nations together, who can stand.
When sin claps his broad wings over the battle,
And sails rejoicing in the flood of Death;
When souls are torn to everlasting fire,
And friends of Hell rejoice upon the slain,


O who can stand. O who can cause this.
Who can answer at the Throne of God
The Kings and Nobles of the Land have done it!
Hear it or not, Heaven, thy Ministers have done it!


Retirado do CD ELEMENTAL de Loreena McKennitt. Mercece ser ouvido também.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O VENTO QUE VEM

Sem a menor cerimônia, sem a menor parcimônia. Vai na serra, faz a volta e vem, trazendo nuvem, trazendo poeira, trazendo seu som de correria. Pipa não fica na linha, tesourinha voa sem sair do lugar. Cabelo arrumado nem pensar. Até peixe quando salta cai em outro lugar. No sombrio da noite, entra pelo telhado a assoviar. É assim o vento na Lapinha, da Serra,
ou em qualquer outro sonhar.

PIEDADE II


Resolvi realmente trabalhar em uma série de gravuras da Serra da Piedade. Vou fazer algumas excursões para conseguir novas imagens. A primeira vou buscar a própria imagem que já trabalhei na aquarela, não a foto, mas a própria pintura que fiz. Fiquei um pouco inclinado a fazê-la no mesmo tamanho, principalmente depois de ver algumas gravuras excelentes do Prof. Clébio Maduro. Mas acho que é preciso entender um pouco mais do processo e depois vou partir para os formatos maiores.
Nas duas fotos eu procurei mostrar o quanto trabalhei na preparação da chapa (latão 19), deixando-a o mais espelhada possível para conseguir o branco limpo do papel. É claro que talvez não precisasse utilizar tantos grãos diferentes de lixa mas fui do 320 até o 2.500, finalizando com um polimento com massa número 2 e polidor para puxar o brilho (tudo isso vem do meu conhecimento dos materiais de re-pintura automotiva pois o padrão na escola vai até o grão 800 de lixa, no máximo)
.
Acho que ficou como eu queria.

CAMPO FELIZ - QUASE LÁ!

Depois de fazer várias provas de estado (PE) e decidir por interferências com água forte (um outro processo da gravura em metal) cheguei a um resultado quase que satisfatório. A chapa foi bastante manuseada e utilizada para impressão das provas e por isso dei uma reforçada também nas partes escuras que haviam sido gravadas apenas com o carborundum da maneira negra. A foto abaixo mostra algumas das alterações. Os detalhes finais já foram acrescidos e em breve já posso mostrar uma cópia definitiva.


Essa imagem mostra uma das últimas provas feitas. Ainda achei que deveria trabalhar mais nos vultos por trás do carro à esquerda, soltando mais o primeiro plano.
Com a ajuda do computador simulei a massa escura que queria acrescentar para verificar se havia mesmo a necessidade dessa última mexida. Achei mesmo que ficou melhor, trazendo mais para frente a imagem do carro. Nesses últimos dias trabalhei novamente com a água forte e devo chegar à prova definitiva (PA - prova do artista) nas próximas impressões.
O papel que estou utilizando nas provas é o mesmo que vou usar na impressão das cópias, o Hannermüller 300 g. Lembrando, o formato original da imagem é 20 x 14 cm.

domingo, 22 de maio de 2011

CATDRUMER

Esse aí com os olhos brilhantes é o Guru Morício. Ele é um "menino" gato e já foi apresentado aqui no blog. É sabido que para exercitar eu teria que arrumar uma bateria eletrônica. Assim não faço barulho nem para os gatos, nem para os vizinhos (certamente uma bateria acústica não é um instrumento civilizado). Bom, com o fone de ouvido só eu escuto. Agora, preciso ensinar ao "rapazinho" aí a não brincar com o martelo do pedal de bumbo enquanto faço minhas lições. Mas menino é menino até enquanto gato.

O SONO OU SONHO

Insano,
não sonho,
apenas o sono,
não chamo,
durmo o sono.
Humano.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

MASERATI 4CLT - COCKPIT

Esse foi um trabalho que fiz em 2009, ainda no sexto período da escola. O papel é um Hannermühller que foi comprado em 1989 enquanto eu ainda era publicitário. Também foi o primeiro trabalho feito com tintas boas e alguns meses de dedicação. O formato tem 38 x 28 cm.

A Maserati 4CLT foi um dos carros que o argentino Juan Manoel Fangio pilotou no início de sua carreira na Europa, em 1949. Esse habitáculo mostra os detalhes do painel de instrumento e foca o volante com centro da imagem. Alterei a coloração do estofamento para jogar com o vermelho tradicional da marca italiana.

Depois da marcação feita, o início foi um pouco acanhado, trabalhando na pequena área do retrovisor.

As primeiras camadas foram aplicadas para formar o interior da carroceria. Esses carros eram muito rústicos e não existia uma mínima forração.

Comecei a definir o volante e o painel de instrumentos. Já aparece também o logotipo com o Tridente da Maserati.

Agora foi a hora de preencher o vermelho da carroceria. Uma primeira camada aplicada com moderação e já construindo o reflexo no capô do motor.

Mais vermelho e mais acabamento no retrovisor direito. Começa aqui a fase de sombras na carroceria.

Um pouco de cinza para definir mais o interior. O fundo escuro vai soltando o primeiro plano. Aqui vai também um início de trabalho no pneu que aparece no último plano.

Uma investida no painel de instrumentos e o volante começa a aparecer mais na frente. Apliquei também uma primeira camada no volante para sentir a composição e a cor.

Com o volante mais definido passei a preencher um pouco mais do fundo, deixando agora o painel num plano mais próximo.

Começou a ficar mais escuro no fundo e parece que tudo quer pular para fora do papel. Alguns parafusos, mangueiras e chapas dobradas vão fazendo o "background" para desprender mais o primeiro plano.

Falta pouco agora. Apenas o suporte e articulação da alavanca de câmbio. Algumas sombras ainda irão aparecer.

Pronto. Final.









A JIBOIA AZUL

Menino é assim mesmo, cheio de imaginação. Imagina que ia caminhando com meu avô pelo centro da cidade e cheguei numa determinada esquina e literalmente empaquei. Não atravessava a rua nem por decreto. O Vô insistia mas eu me agarrei a um gradil de árvore e não saía dali por nada. "Mas o que é meu filho, o que aconteceu". "Não vou. Por aqui não passo", gritava eu com bastante convicção. "Mas por que". "Vô, não vê aquela cobra ali. Ela vai pular em cima de mim".
Apontei para a portada da loja na esquina. Meu avô olhou atentamente mas não deu conta de enxergá-la. Eu, com minha desconfiança, acabei por convencê-lo a dar a volta no outro quarteirão.
Até hoje, quando passo por aquela esquina, ainda vejo a Jiboia Azul. Mas agora sei que ela vai ficar sempre alí. Não vai pular em ninguém.

ZELTWEG 86



Essa tela já deu um bocado de trabalho. A preparação foi feita com latex, massa acrílica, lixa, massa acrílica, mais lixa, mais massa,... No final iniciei uma pintura de um Porsche 917 que "agarrou". Uma noite, antes de ir dormir, resolvi cobrir tudo novamente com mais latex. Então parti para essa pintura do Ayrton Senna na Lotus JPS 98 T em 1986, presumo que no circuito de Zeltweg - Áustria. O fundo é um pouco impressionista, desfocado, trazendo manchas e cores do público que se instalava à esquerda da reta principal. O primeiro plano começou a se definir e vai ganhar caracteristicas bastante realistas. O trabalho agora vai se concentrar na área do capacete para depois descer até o nariz do carro. For5mato 120 x 80 cm. Acrílica.

terça-feira, 10 de maio de 2011

A RUA NOVA

Vão passar por aqui, tirar o meu sossego. Vão chegar de manhã e ligar as máquinas, arrancar as pedras que dormem tranqüilamente desde que o lugar virou lugar. Vão fazer barulho e trazer mais barulho. Vão trazer a correria da gente que não se aquieta por pressa de viver. Já não tem mais o cacho de banana na janela. Já não vejo mais aquela foto que fizeram, fizeram e refizeram. Era a cara dessa janela. De novo vão me levar, ou mandar, para outro lugar. Sei não! Tem tempo que falam que esse asfalto vai chegar. E a gente vai passar por aqui.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

SENNA 1988



O primeiro Campeonato Mundial de Fórmula 1 conquistado por Ayrton Senna foi em 1988, com o Mc Laren MP4/4, ainda com o motor Honda turbo.


Resolvi fazer esse trabalho e experimentar um papel Schöeller para aquarela que havia chegado em janeiro. É um papel interessante, diferente dos que eu já tinha usado, e mostra um pouco da textura característica da maioria dos papeis para essa técnica.

A imagem foi solarizada no computador e em alguns pontos ficou invertida. Tudo seria em tons de cinza (Gris de Paine) mas depois resolvi aplicar as cores no carro e no capacete para identificar mais rapidamente o piloto.