Esse trabalho traduz um pouco a relação do ser humano atual com o dinheiro e com os bens de consumo, melhor dizendo, os bens do consumo. Cada vez mais induzido, o consumo é o tema do momento, no meu trabalho e no contexto da sociedade que vivemos. Descartáveis, recicláveis, toleráveis, alguns certamente intoleráveis. O consumo é elevado à categoria de hiperconsumo. Não há mais espaço para carros nas ruas e cada vez mais se fabricam carros, se promove a venda de carros. Carros, esse tema que tanto aprecio e que por outro lado tanto me distancio. Hipermercados promovem hiperconsumo. Fast food para dar lugar a mais um cliente. Hiperrotatividade!
Foi o primeiro trabalho de uma série que comecei e me vi metido no conceito e na valorização do dinheiro. Fui flagrado aos dois anos de idade com uma bela carteira na mão, objeto de interesse estético, e todo o dinheiro jogado ao chão. Hiperlink com meus conceitos atuais sobre a necessidade de se ter as coisas que realmente são necessárias. O que você tem agora que pode ser completamente descartado. Olhe ao seu redor. Há quanto tempo você não usa aquele negócio ali? Será que é por que ele ficou velho ou estragou? Ou será que é por que ele nunca fez falta alguma?
Juntei um bocado de dinheiro velho, fiz umas ampliações em xerox p&b e colei sobre um suporte rígido texturizado com massa de poliester. O restante veio com o tempo, fazendo e arrumando soluções (o compacto com Money, do Pink Floyd, foi solução para a imagem original que trazia a vitória de Fittipaldi no GP de Monza em 1972), discutindo e apanhando um pouco da nova experiência. A proposta inicial era trabalhar num "suporte inusitado". Acabei entrando numa armadilha e, de certa forma, consegui um caminho para me ver livre dela. Só que, a partir disso, criei outras tantas armadilhas para decifrar. E é isso mesmo, cada uma delas me consumirão por um determinado momento, ou período. è essa a proposta do consumo, não é?
Trabalho em acrílica sobre colagem.