ONCE

segunda-feira, 18 de abril de 2011

CAMPO FELIZ

Uma das mais tradicionais provas do automobilismo mundial foi a Targa Florio, corrida entre 1923 e 1977, percorrendo 72 km de estradas na Sicília, passando por diversas localidades como o vilarejo de Campofelice. O siciliano Nino Vacarella era sempre um dos pilotos mais velozes nesse circuito que conhecia como nenhum outro. Em 1970 pilotou a Ferrari 512 S e disputou a liderança até a última volta com os invencíveis Porsches 908/3, sempre aclamado pela torcida que dividia a pilotagem, literalmente dentro da pista, com seu ídolo local.



A série de trabalhos que iniciei na Gravura tem um pouco dessa história da Targa Florio. A técnica é a Maneira Negra, um processo que tem como primeiro passo a obtenção de um preto uniforme na impressão da matriz. Para isso utiliza-se ferramentas (como o berceaux) ou métodos abrasivos (como a granitagem com pó de carborundum) que criam condições para a tinta se instalar por toda a superfície da chapa. Depois de feitas as provas para acertar a superfície preta, o desenho é passado para a chapa e então o trabalho passa a ser com o brunidor. Essa ferramenta é como um lápis para desenhar mas na sua ponta geralmente vai uma pedra de ágata, quartzo ou ainda aço temperado. Com ele vai-se rebaixando os sulcos, marcas ou “arranhões” que retêm a tinta e dessa forma criando as áreas onde aparecerão os brancos e os meios tons da cor a ser utilizada na impressão. Ao término do “desenho” com o brunidor, uma nova prova é feita para acerto dessas áreas trabalhadas. É quase certo que um novo trabalho deve ser feito nas áreas mais claras ou nos contornos, acentuando alguns contrastes e passagens de tons. Feito isso se inicia a tiragem das cópias. Os materiais mais utilizados para matrizes na Maneira Negra são o Cobre e o Alumínio por serem mais macios e facilitarem o trabalho com berceaux e o brunidor, mas a tiragem fica limitada pela deformação da matriz sob a pressão da prensa. O Latão é mais duro de brunir, mas proporciona uma tiragem maior por ter mais resistência.



CAMPO FELIZ é o primeiro trabalho que faço no ateliê de gravura. Fiz a opção pela chapa de Latão com a granitagem por carborundum. Um trabalho razoável para brunir a chapa, mas o resultado foi satisfatório, com poucas áreas a serem retrabalhadas. Essa imagem é da primeira prova tirada e depois disso os brancos e luzes, principalmente no carro, foram acentuados. Um fato interessante é que a matriz em si já se apresenta como um bonito trabalho, variando em tons de brilho e o fosco da chapa granitada. Mais adiante colocarei uma imagem da gravura finalizada. * A granitagem é o processo de preparação para as pedras que servirão de matrizes na Lithografia.

Um comentário:

Gabriel Cisalpino disse...

Grande Fiote,

Belo trabalho. Qualquer hora vou te fazer uma visita pra matar a curiosidade sobre essas chapas.

Abraço