Menino é assim mesmo, cheio de imaginação. Imagina que ia caminhando com meu avô pelo centro da cidade e cheguei numa determinada esquina e literalmente empaquei. Não atravessava a rua nem por decreto. O Vô insistia mas eu me agarrei a um gradil de árvore e não saía dali por nada. "Mas o que é meu filho, o que aconteceu". "Não vou. Por aqui não passo", gritava eu com bastante convicção. "Mas por que". "Vô, não vê aquela cobra ali. Ela vai pular em cima de mim".
Apontei para a portada da loja na esquina. Meu avô olhou atentamente mas não deu conta de enxergá-la. Eu, com minha desconfiança, acabei por convencê-lo a dar a volta no outro quarteirão.
Até hoje, quando passo por aquela esquina, ainda vejo a Jiboia Azul. Mas agora sei que ela vai ficar sempre alí. Não vai pular em ninguém.
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