ONCE

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

SEMPRE IR, SEM SER LEVADO.

É sabido que eu gosto de aventuras, de ir a qualquer canto, subir montanhas e fazer estravagantes viagens pelo espaço que me foi colcado à frente. Um dia ainda subo à Lua mas enquanto não arrumar a bike, esse projeto vai sendo adiado para um amanhã. Fico mesmo com as cachoeiras, como a "Fadas" em Conselheiro Mata ou a "Osta" alí na Serra da Calçada em Brumadinho. A água é boa e sempre achamos um tempo para pensar mais nesse caminho que trilhamos.

O carrinho azul é o "Tatanka", um Gurgel X12 que fez um bocado de passeio comigo. Era gostoso de dirigir e sempre aprontava alguma: cabo de acelerador, cabo de embreagem, até porteira trancada já pulou (sem quebrar a porteira). Fazia uma vista pelo seu tom "azul ônibus". Quando pintei as rodas em amarelo ipê é que ficou impossível de me esconder. Todo mundo sabia onde eu estava. Como o ipê da foto que floriu apenas naquela temporada, nunca mais vi ou tive notícias desse carrinho.


Ganhei um fusca. "Não quero um carro. Quero um Jeep 51." Foi assim que eu e meu pai chegamos a comprar quatro Jeeps 51 (um era galinheiro) para fazer dois em bom estado. Esse aí foi o primeiro, o "Jerônimo". Fui o terceiro proprietário do carro, ou mehor, do Jeep. Pintura feita com duco e polimento. Um espelho. Tudo novo. Tinha uma grade diferente na frente e a capa da hélice do radiador, coisas que poucos deles ainda tinham. Ah, o filtro de ar também estava na posição original. Foram bons passseios também com ele. Vendi, no susto, para um colecionador em São Paulo. Foi rodando até lá.

ILUSTRAÇÕES DEPOIS DAS SEIS

Esse cartão foi utilizado para um final de ano. Uma ilustração feita com aerografia, demandando uma série de mascaramentos e posteriores trabalhos em pincel. Foi tudo feito com naquim sobre papel Schöeler 6G. Nessa fiquei livre da marcação do layout. A imagem foi trabalhada diretamente com a arte final em formato A2. Uma das curiosidades atuais é saber se esse original ainda existe.

Uma carreta transportando o produto do cliente. Mesmo que as normas de transporte obrigassem o transportador a cobrir com uma lona a carga a ser transportada, cliente insistiu em colocar seu produto à mostra. Uma curiosidade que essa ilustração foi feita exatamente para um manual de transporte de cargas. Utilizei nanquim sobre papel Schöeler 6G. Alguns retoques e acabamentos foram feito a gouache. O formato original era A2.


As duas pranchas acima foram feitas para um layout de calendário. Foram utilizadas algumas imagens em xerox, nanquim, acrílica e gouache. A idéia original era da criação e da utilização dos materiais metálicos na confecção dos bens do consumo popular. Esse calendário nunca foi impresso e das doze pranchas planejadas somente essas duas foram "layoutadas".

Esse aí, com esse humor todo, nem precisa dizer que era eu (com um pouco mais de cabelo do que tenho hoje), pronto para ir embora da agência numa sexta-feira às 17:30, depois de ter ficado olhando o tempo passar durante todo o dia. Ainda deve ser comum: os clientes deixam para decidir se o anúncio vai ser publicado no domingo, exatamente às 17:00 da sexta. O contato gasta mais de 40 minutos para chegar à agência com todas as modificações que o cliente sugeriu (afinal ele é quem estudou publicidade). Aí te passam um "rought" para marcar e ser apresentado por fax ao cliente. Você espera até às 20:30 e então inicia a produção da arte final. Encomendam uma pizza para que você não se queixe da fome e, de madrugada, lhe dão o dinheiro pro taxi. Bom, era assim na minha época e acredito que não tenha mudado, apesar de toda a informática digital que é utilizada em agências hoje em dia. Mas a filosofia deve continuar a mesma. O "desensin" foi feito numa tarde de sexta, usando recarga de canetinha hidrográfica e papel SW, A5. Colei isso no meu biombo na agência.

domingo, 4 de janeiro de 2009

CHEGANDO A SANTIAGO

Foram vinte e cinco dias de pedalada, desde Rocesvalles até Santiago de Compostella. Sem pressa e com o cronograma dentro do programado. Junto com o Peter e a Laura, vivi várias experiências, conheci muitas pessoas e lugares, passei vários momentos de alegria, reflexão, questionamentos e mesmo de conflito. É o mais lógico numa proposta desse tipo. É tudo isso que vai fazendo a vida e o caminho. O Caminho se mostrou ao longo do trajeto e cada um de nós retirou dele os segredos aos quais fomos buscar. Continuamos nossa caminhada e hoje podemos juntar o Caminho a tantas outras experiências que vivemos desde lá. Chegar a Santiago foi ficando cada vez mais difícil, embora cada vez mais perto. Isso já era um sinal de que o caminho nunca acabaria.

UM PONTO EM MUTAÇÃO

Uma das grandes satisfações que tive foi a de conhecer Fritjof Capra, físico austríaco autor de livros referenciais para as condutas humanas atuais, seja na área científica exata ou humana, mais propriamente humana, diria eu. Nas suas obras que li, O Tao da Física, Ponto de Mutação, Sabedoria Incomum e Teia da Vida, fica clara a interdependência de todos os aspectos que regem a existência e a convivência humana no meio ambiente. Tudo depende de tudo apesar de ser tudo independente. É mais antítese, é mais conflito, mas é a única saída para um entendimento da necessidade cada vez maior de se pensar de forma mais inteligente do que consciente, para a continuidade da vida no nosso planeta.

GO KART

Em 1974 resolvi que iria realizar meu grande sonho de me tornar piloto de corridas. Juntei um tanto de dinheiro e comprei, em parceria com um colega da escola, um velho kart Mini com o chassi empenado e os pneus quase na lona. Ah, impressionante o que aquele negócio andava, acelerava, derrapava, enguiçava e gastava, trocado após trocado. Não havia dinheiro que chegasse. Domingo pela manhã era a maior diversão na Cidade Nova. Descia aquele "bólido" apitando o motor a toda (altura do barulho pois velocidade mesmo era quase nada) e um bando de menino correndo atrás para ver até onde ia (um dia parou debaixo do Chevete de um deputado - voou um óculos e um carburador. Nada mais sério). Geralmente tínhamos que pedir resgate pra subir de volta. Uma vez levamos o "monstro" pro Mineirão pra andar na pista do estacionamento. Foi canseira e dor nas costas, óleo de rícino melando as mãos e sempre a vontade de ter um novinho, que acelerasse de verdade, que só as equipes e pilotos patrocinados tinham. Mas fazer o quê? A história foi assim. Hoje ainda acho que deveria ter sido exatamente como foi: assim.

LIBERTE-SE

O conflito humano, seja externo ou interno, não é uma moda atual. Michelângelo que o diga.
Mas às vezes o conflito é tão absurdamente explícito que nem percebemos sua existência. É o óbvio, passa despercebido, camuflado pelo rótulo de "lugar comum".
Estava retornando para casa outro dia e fui fotografando o caminho. Casas, árvores, placas, sinais (sem custo de revelação hoje vai embora a bateria). Sempre procurando algumas imagens que pudessem resultar em uma pintura. Chego em casa e vou descarregar a máquina (antigamente poderia se dizer melhor "câmera" pois realmente encerravam um compartimento onde a imagem era registrada - hoje é mesmo um artefato eletrônico, uma máquina no mais comum sentido da palavra). Aí, vejo o conflito: "liberdade" ou "proibido"? Proibir ou dar liberdade?
Por isso é bom: dirigindo não beba, bebendo não dirija mas sempre preste atenção naquilo que a sinalização tem a lhe dizer. CONFLITO: essa é a real condição a que somos expostos no dia a dia urbano.

TAPUME NA CRISTIANO MACHADO


Para quem não estava presente, para quem se lembra: na noite do coquetel foi um temporal de alagar qualquer galinheiro. No dia seguinte fomos para o local onde seria construído um shopping. Sem chuva mas com muito barro pra amassar, pintamos os tapumes que restringiam o canteiro de obras. Isso foi em 19..., um projeto da Escola de Belas Artes que contou com a participação de vários artistas plásticos, inclusive eu que estava ainda indeciso se continuaria no meio publicitário ou retornava ao infinito universo das artes (vai aqui só um pouquinho de exagero). Mas foi uma boa experiência. Uma pena que essas coisas acontecem muito de quando em vez e falo: é tão bom poder lembrar disso tudo.

A AVE DO PEDRO

Essa aí é a "ave do Pedro". O Pedro é um garoto que costuma fazer uns desenhos legais. Tinha uns cinco anos quando desenhou a ave. Talvez por influência de uma imagem do Pato Mergulhão que eu lhe mostrei, a ave ficou com um penacho também. Tinha pensado em fazer uma camisa com esse desenho mas resolvi publicá-lo agora e vou fazer uma seleção de alguns desenhos de crianças que tenho guardados para colocar aqui também. O Pedro é o meu sobrinho mais novo e agora vai juntar ferramentas para montar sua oficina.

ALICE IN WONDERLANDS

Uma das mais fantásticas histórias que li é aquela contada por Charles Lutwidge Dodgson a uma garotinha de sete anos, durante um picnic num bosque inglês em 1862. Essa garotinha era Alice Peasaunce Liddell que três anos mais tarde se tornaria a Alice no País das Maravilhas. O contador dessa história nada mais era do que Lewis Carroll. Desde sua corrida louca ao encalço de um coelho apressado, passsando por várias situações que até hoje causam um certo estranhamento a vários adultos menos sonhadores, Alice vive enigmáticas passagens entre Gatos que surgem em árvores, um Chapeleiro que oferece uma festa louca, uma Rainha que lhe quer cortar a cabeça e um espelho que lhe transporta para mais além do que nossa consciência poderia nos levar. E de volta, acordar com Diná nos braços.
É, muita coisa precisa ser vivida ainda para que possamos entender bem os significados de toda a magia escrita em Alice...

O Chapeleiro Louco à mesa de sua festa. Durante muitos anos essa imagem serviu como rótulo para os discos do Genesis lançados pela Charisma Records. Todas as ilustrações da publicação original de Alice in Wonderlands & Trough the Looking Glass foram feitas por John Tenniel.



Chershire, um gato que tem o sorriso de lua, aparece no alto de uma árvore e vira a cabeça ao contrário. Uma indicação de leitura é, além da própria história em questão, é o livro do argentino Alberto Manguel: No Bosque do Espelho. Vamos entrando na história e...


"Podia me dizer, por favor, qual é o caminho para sair daquí?"
"Isso depende muito do lugar para onde você quer ir", disse o Gato.
Alice no País das Maravilhas, cap VI