ONCE

sábado, 5 de julho de 2008

A SÉRIE DE ARMADILHAS


Esse trabalho traduz um pouco a relação do ser humano atual com o dinheiro e com os bens de consumo, melhor dizendo, os bens do consumo. Cada vez mais induzido, o consumo é o tema do momento, no meu trabalho e no contexto da sociedade que vivemos. Descartáveis, recicláveis, toleráveis, alguns certamente intoleráveis. O consumo é elevado à categoria de hiperconsumo. Não há mais espaço para carros nas ruas e cada vez mais se fabricam carros, se promove a venda de carros. Carros, esse tema que tanto aprecio e que por outro lado tanto me distancio. Hipermercados promovem hiperconsumo. Fast food para dar lugar a mais um cliente. Hiperrotatividade!
Foi o primeiro trabalho de uma série que comecei e me vi metido no conceito e na valorização do dinheiro. Fui flagrado aos dois anos de idade com uma bela carteira na mão, objeto de interesse estético, e todo o dinheiro jogado ao chão. Hiperlink com meus conceitos atuais sobre a necessidade de se ter as coisas que realmente são necessárias. O que você tem agora que pode ser completamente descartado. Olhe ao seu redor. Há quanto tempo você não usa aquele negócio ali? Será que é por que ele ficou velho ou estragou? Ou será que é por que ele nunca fez falta alguma?

Juntei um bocado de dinheiro velho, fiz umas ampliações em xerox p&b e colei sobre um suporte rígido texturizado com massa de poliester. O restante veio com o tempo, fazendo e arrumando soluções (o compacto com Money, do Pink Floyd, foi solução para a imagem original que trazia a vitória de Fittipaldi no GP de Monza em 1972), discutindo e apanhando um pouco da nova experiência. A proposta inicial era trabalhar num "suporte inusitado". Acabei entrando numa armadilha e, de certa forma, consegui um caminho para me ver livre dela. Só que, a partir disso, criei outras tantas armadilhas para decifrar. E é isso mesmo, cada uma delas me consumirão por um determinado momento, ou período. è essa a proposta do consumo, não é?

Trabalho em acrílica sobre colagem.

ALGUMAS AQUARELAS


No semestre passado iniciei alguns trabalhos em aquarela, levando a diante a série de carros e recortes dos automóveis que sempre fizeram parte do meu trabalho. Algumas imagens estão incluídas no projeto "livro do artista", um trabalho encadernado onde aparecem treze aquarelas já definidas (ver anteriores Opala Motorauto, Puma Carbel, BMW 320i) mas com espaço para muitas outras. A vista da Ferrari 312 B (formato aprox A5) com Jack Ickxy aguardando a largada para mais um GP na temporada F1 de 1970, faz parte desse projeto e já me trouxe a idéia de ampliá-la para um formato 120 x 80 cm pintado a óleo.
O outro trabalho já fecha um ângulo do famoso Maserati 250 com o qual Fangio correu em 1957. Procurei foco no reflexo dos escapamentos e nos detalhes que aparecem na suspensão traseira daquele carro. Quando fiz a foto o faltava pouco para a finalização do trabalho que é em formato A3. Em ambos os casos utilizei papel Fabriano e Aquarela Winsor & Newton.

DEDICO AOS MEUS AMIGOS



Realmente ficar quieto é uma coisa que eu nunca soube fazer direito. Muito tempo pra fazer infinitas coisas significa pouco tempo para se fazer tudo o que se quer, principalmente se você gosta de coisas de naturezas opostas. Já toquei em banda de rock, o Abismo (que é aquele que você vê quando olha pra cima, no sítio, longe da luz da cidade), corri de motocicleta, pedalei pela cultura mineira, escalei montanhas, construí modelos, etc. Já mexi em caixa de marimbondo também. Mas de tudo o que a gente vive, ou consegue viver, o importante é que se construa amizades. Até mesmo alguns marimbondos ainda são mantidos no ciclo de amigos que nunca esquecemos. Talvez o mais vantajoso de se ter um pouco de experiência com cada uma das oportunidades que a vida nos apresenta é que lembramos de tudo com muita intensidade. E vou tocando minha flauta, fazendo meu caminho, ajuntando mais amigos aos que fizeram companhia até aqui.